quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A troca

Todo bom filme começa com uma boa história. E a história de "A troca", o novo filme de Clint Eastwood, é primorosa. Ambientado nos anos 20 e 30 na Califórnia, narra os percalços de uma mãe em busca do filho desaparecido. A polícia de Los Angeles, conhecida pela incompetência e corrupção, supostamente soluciona o caso, trazendo à mãe desesperada um garoto. Mas aquele não é o filho desaparecido. Começa então uma verdadeira batalha de uma mulher para recuperar aquele que ela mais estima na vida, contra a insensatez de uma polícia receosa de admitir um erro e virar chacota na imprensa. Não vale à pena esmiuçar aqui o desenrolar da trama, pois a intenção é apenas estimular os leitores a irem ao cinema. Mas há que se exaltar algumas características do filme. A mais importante de todas, na minha opinião, é a importância e acreditar nas pessoas, dar um voto de confiança, contar com a ajuda dos outros. Em tempos tão sombrios, a desconfiança é latente no ser humano. Mas, apesar de tudo, apesar das contradições, afirmo que o filme passa essa mensagem: vale à pena acreditar nas pessoas, por mais que quebremos a cara, em algum momento seremos recompensados, e então sentiremos que nossos esforços não foram em vão. Outro aspecto marcante do filme é o que a mobilização dessa mãe foi capaz de obter em benefícios para toda a cidade. E o filme é baseado em uma história real. Fico me perguntando porque histórias como essa nunca chegaram aos nossos ouvidos, porque não são lembradas como exemplo. Fico me perguntando porque guerras são sempre lembradas, porque em 2005 comemorou-se 60 anos do fim da II Guerra Mundial, quando deveríamos lamentar todos os dias o início de uma guerra qualquer que seja ela. A verdade é que histórias de perseverança acontecem todos os dias, mas não nos damos conta. "A troca" é, acima de tudo, uma história de esperança, esperança em muitas coisas, não apenas em reencontrar um filho desaparecido. Filmaço!!!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Yes, they can

Finalmente chega ao fim a desastrosa administração de George W. Bush. O mundo pode voltar a sonhar com paz. Ouvi falar hoje que após as guerras preventivas de Bush, os EUA não foram mais atacados em seu próprio país. Mas então me perguntei: os EUA já foram atacados em seu território antes do 11/09 (esse já na gestão Bush...)? Um governo que abriu mão da geração de empregos e estímulo da economia para gerar guerras ao redor do mundo e semear o ódio pelo ocidente não poderia ter outra avaliação senão a pior da história daquele país. Um presidente que chegou ao poder de maneira questionável e baseado no medo ganhou mais 4 anos para aterrorizar aqueles que não se posicionavam como "aliados". É evidente que não faria um sucessor, aliás, é evidente que um candidato de seu partido não gostaria de ter um cabo eleitoral desse tipo em seu palanque. Então, os americanos, à maneira deles (não podemos exigir demais...) decidiram dar um basta no conservadorismo. É assim que Barack Obama chega ao poder, como o portador da esperança. Guardadas as devidas proporções, a eleição de Obama tem similaridade com a eleição de Lula em 2002 (lá, a esperança venceu o medo com 6 anos de atraso em relação ao Brasil...). O povo americano quer alguém que volte os olhos para os EUA ao invés de tentar resolver os problemas do mundo. Diga-se de passagem, os problemas não foram resolvidos nesses 8 anos... a suposta tentativa de levar a democracia ao oriente resulta em permanente estado de alerta no Iraque, com a possibilidade constante de ataques contra o "força de libertação" norte-americana. Enquanto isso, em seu próprio país, cada vez mais leis são aprovadas no sentido de dizimar as liberdades individuais, valor tão estimado pelo povo americano. Quem prometeu a cabeça de Bin Laden, teve que se contentar em dar a cabeça de Saddan Hussein, o mesmo que adquiriu armamento de guerra anos atrás, com o apoio do então presidente Bush "pai". Nesses últimos 8 anos, passei a considerar George W. Bush o terrorista mais perigoso do mundo, por 2 razões: ele espalha o terror pelo mundo, tem o maior arsenal da Terra a seu dispor e o pior, não é procurado pelas polícias mundiais! De resto, quero sugerir um alvo aos "terroristas": da próxima vez, destruam a Estátua da Liberdade, pois com certeza o número de civis mortos será menor e a eficácia do ato será incomensurável, já que George W. Bush acabou com as liberdades do cidadão americano. E que Obama possa dar um jeito nos EUA sem para isso sugar as economias periféricas, como já aconteceu em décadas anteriores. É esperar e torcer pra que dê tudo certo...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Carta de intenções

De: pais santistas
Para: seus respectivos filhos

Filho, o motivo que me leva a essa conversa não me agrada, mas é inevitável. Preferia não ter que falar nada, mas entendo sua indecisão. Poderia ter, desde seu nascimento, buscado influenciá-lo e registrar todo esse processo, para intimidá-lo, mas não o fiz. Não seria correto, pois não fizeram isso comigo. Essas coisas têm de acontecer de maneira natural, mas antes preciso te dizer algumas coisas. Como um jornalista disse certa vez, "o pai que não faz time do filho é, de certa forma, um fracassado" (em tempo: o jornalista se chama Flavio Gomes, é torcedor da Portuguesa, assim como seus 2 filhos). Não sei se o que tenho a te oferecer é satisfatório, mas ainda assim vou tentar. O Santos não ganha títulos todo ano, não é "imortal", não tem a maior torcida do país, não é "um bando de loucos", não é "campeão de tudo", nem mesmo é da cidade onde você mora...mas, em quase um século de existência até agora, ainda conseguimos ostentar algumas exclusividades: somos o maior campeão nacional, o primeiro brasileiro a conquistar o mundo, o melhor clube das Américas no século XX (estes 2 últimos ninguém nos tirará). Não ganhamos sempre, mas quando ganhamos...ah, como saboreamos nossos títulos, valorizamos cada um de verdade. Eu mesmo esperei 18 anos pelo primeiro e não hesitaria em esperar o dobro disso novamente. Nossa camisa representa a essência do futebol brasileiro, somos capazes de perder partidas e finais, mas ainda assim encher os olhos com a mais bela nostalgia de quem as vê. Não somos loucos nem torcedores doentes, porque loucura e doença é não torcer por esse time de tantas glórias. Não somos imortais porque nunca passamos pelo desgosto de sermos rebaixados, outro fato que poucos clubes "grandes" (eita palavrinha banalizada no futebol...) podem ostentar no Brasil. Sim, nossa casa é modesta, mas é um templo do futebol, palco de espetáculos memoráveis. Não somos campeões de tudo, mas tudo aquilo de que somos campeões foi merecido e desfrutado. Estamos longe de ser o melhor time do mundo, mas tivemos o melhor do mundo em nosso time, e isso não mudará jamais, é eterno, assim como aquele número 10 às costas de uma camisa branca sem patrocínios com o nosso distintivo à frente. Por fim, filho, tento minha última cartada: sabe aqueles tipos de histórias fantásticas que os avôs costumam contar aos netos, aquelas que parecem contos de fadas, com reis, princesas e bruxas? Pois então, meu filho, só posso te assegurar que todas as histórias fantásticas que você ouvir durante sua vida sobre o Santos Futebol Clube são verdadeiras. quando você estiver escutando e tentar imaginar em sua mente, por mais absurdo que algo possa parecer, realmente aconteceu...O Santos ajuda a escrever a história da humanidade (até guerra já parou), espero que você possa ajudar a escrever a história do nosso Peixe.